A Luta de Classes
(por Antonio Samarone)
“A luta de classe existe, e nós ganhamos.” - Warren Buffett (bilionário americano).
O neoliberalismo se apropriou das novas tecnologias, concentrou a riqueza, suprimiu direitos sociais e rebaixou os sonhos da classe média.
No Brasil, a ascensão social (via escola) foi interrompido. Na segunda metade do século XX, muitos saíram da pobreza pela educação. De uma certa forma, criou-se uma classe média.
Uma parte dessa classe média incorporou vestígios civilizatórios. Tornaram-se consumidores de bens culturais (livros, boa música, cinema, teatro), tolerantes com as diversidades, humanistas, laicos e simpatizantes das reformas sociais.
A outra parte dessa mesma classe média, a antiga “maioria silenciosa”, não manifestava publicamente as suas preferências políticas. Aparentavam odiar a política. Cultivavam certos privilégios e sonhavam chegar ao andar de cima, e uns poucos conseguiram.
O caminho petista em tentar reduzir as desigualdades pelo consumo, melhorando a renda das camadas populares, sem mexer na estrutura social, funcionou parcialmente e por pouco tempo.
O Império da classe “C” foi efêmero. Essa classe média improvisada, ávida pelo consumo de bens materiais e em busca do paraíso retornou ao andar de baixo.
O pacto com as elites era frágil, dependia dos preços das comodities.
A classe média tradicional sentiu-se ameaçada, e tinha os seus motivos. As manifestações de 2013 foram um sinal. Saíram confusas às ruas, sem um projeto, sem bandeiras definidas, apenas não queriam a presença dos Partidos, nem dos movimentos sociais organizados.
No segundo mandato da Dilma, a versão reformista da Nova República não conseguia mais cumprir as promessas do pacto. O princípio “lampedusiano” de que: “é preciso que tudo mude, para tudo continuar como está”, perdeu força.
O Centrão, comandado por Eduardo Cunha, afastou a Dilma do Planalto, por “pedaladas fiscais”. Sem nenhuma resistência. Ninguém pintou a cara. A parte de esquerda da classe média, sentiu-se politicamente órfã.
A outra parte da classe média, assumiu-se de direita, com uma convicção que parecia antiga. Rapidamente encontraram um mito e saíram às ruas com o fanatismo dos noviços. Passaram a namorar as ideias da direita fascista, da primeira metade do século XX.
A extrema direita brasileira se mostrou abaixo da linha civilizatória, e isto assustou o mundo. A insistência negacionista, a veia autoritária, o desprezo pelo meio ambiente e a crença em saídas violentas, são sinais evidentes.
É nessa encruzilhada que nos encontramos! Para complicar, a esquerda mundial não apresenta saídas.
As duas maiores lideranças, que acenam num caminho socialmente justos e ambientalmente sustentável, são cristãos e devotos do catolicismo: o Papa Francisco e Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.
Será se a mão esquerda de Deus veio controlar a mão invisível do mercado?
Antonio Samarone (médico sanitarista).
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