A Origem do Verbo “Chaleirar”
(por Antonio Samarone)
“Vou arranjar/ Um lugar de puxa-saco/ Quem puxa-saco/ Tá se dando muito bem/ Tô querendo é chaleirar/ Eu não quero é trabalhar/ Nem fazer força pra ninguém” – Jackson do Pandeiro
Chaleirar é puxar-saco, bajular, adular, uma forma vil de servilismo.
Chaleirar é a lisonja e o salamaleque. Sinônimo de paparicar, mimar, panegírico, louvação, rapapés, mesura e rasgar a seda.
Chaleireiro ou chaleirador é o cortesão parasita (baba-ovo), o autêntico capacho.
Eu me interessei pela origem desse vocábulo desonroso, por ele ter nascido em Sergipe.
Certa feita (1901), a comitiva do Governador Olímpio Campos retornava de uma visita a Paulo Afonso. Uma viagem cansativa, no lombo dos cavalos e em charretes. Pararam para pernoitar em Aquidabã, na casa do chefe político.
Surgiu uma dificuldade: o Monsenhor Olímpio Campos não tomava banho de água fria. A notícia logo se espalhou pela Vila de Aquidabã. Os aduladores correram para botar as chaleiras no fogo, para esquentar água para o Governador.
A agitação na Vila foi grande. Formaram-se filas de pessoas com as suas chaleiras de água quente na mão, para prestar serviço ao chefe dos Cabaús. Numa povoação de pouco mais de 1.500 pessoas, contou-se mais de 170 chaleiras.
Foi tanta água quente, que deu para toda a comitiva tomar banho.
Essa prática passou a se repetir todas as vezes que o Governador Olímpio Campos visitava uma localidade no interior de Sergipe.
Nunca faltou quem pegasse na chaleira em Sergipe.
Existe outra versão no Sul do País, para a origem do verbo chaleirar.
Chaleirador era quem esquentava água para o chimarrão do Senador Pinheiro Machado.
Fui às fontes primárias, e descobri que essa história do interior de Sergipe, foi contada a Pinheiro Machado pelo próprio Olímpio Campos. Eram muito amigos.
Quando os puxa-sacos do Condestável Pinheiro Machado pegavam na chaleira, para abastecer a sua cuia de chimarrão, ele caia na risada, lembrando-se da história de Sergipe.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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