“Mise-en-Scène” Pandêmico.
(por Antonio Samarone)
As Praias do Aracaju continuam fechadas. O poder público montou uma “Força-Tarefa” para fiscalizá-la. Um espetáculo midiático. Viaturas com sirenes ligadas, motos, homens armados. Uma réplica da ocupação da Normandia.
São 20 km de Praias, um vasto areal regiamente ventilado. Com exceção do viral e de alguns bares da moda, não existem frequentes aglomerações nas praias do Aracaju. Contudo, a medida é de ampla visibilidade.
Qual o estudo revelou que a transmissão do Covid-19 é significativa nas Praias do Aracaju? Os sanitaristas indicam a necessidade do lockdown, mas falta autoridade, para se tomar uma medida de eficácia comprovada.
As proibições deixaram de observar as formas de transmissão do vírus. Os decretos tornaram-se instrumentos do faz de conta, onde o secundário esconde o principal.
O vírus não voa nem pula, a transmissão é feita de pessoa a pessoa por via aérea. Em locais abertos o vírus não permanece no ar por muito tempo.
O principal é evitar-se as aglomerações e manter-se o distanciamento físico. Quando não for possível, usar máscaras adequadas e obedecer às regras básicas de higiene. Do ponto de vista pessoal é isso o cada um pode fazer.
Em parte, a nossa preguiça mental adora a ilusão de que tem alguém nos protegendo.
As medidas de prevenção coletiva, previstas nos manuais de epidemiologia, que são de competência do Poder Pública, foram esquecidas.
Tudo que não é proibido está se tornando obrigatório. Mesmo sendo proibições simbólicas, sem efeitos na redução do contágio, apenas para realçar a imagem dos governantes.
O Comitê (não) Científico é uma instância formal, criada para legitimar as decisões aleatórias e inconsistentes do Poder Público.
Enquanto se brinca com proibições simbólicas, a doença avança livremente.
As proibições excessivas e ineficazes tornam o nosso inconsciente rebelde.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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