A Volta da Fome!
(por Antonio Samarone)
Com o final da ditadura, parte da esquerda acreditou que a saída para o Brasil seria uma aliança com a burguesia desenvolvimentista. Onde encontrar esses burgueses, comprometidos com um projeto nacional?
A Aliança Democrática colocou Zé Sarney na Presidência da República. Foi essa a aliança possível com a burguesia. O “Tudo pelo Social” do Sarney terminou no Caçador de Marajás e a economia entregue a Zélia Cardoso.
Essa crença de uma burguesia nacional com interesses diversos do Imperialismo, voltada para o Brasil, acabou de vez com a chegada do neoliberalismo, durante o Governo de FHC. O capitalismo tomava novos rumos.
O mercado foi globalizado e passou a significar o mercado financeiro.
Lula foi eleito e tratou de assegurar tranquilidade a esse mercado. E cumpriu, com uma ressalva: distribuiu uma parte da renda com o andar de baixo. Não atacou as bases da desigualdade, mas criou uma esperançosa “classe C”.
Lula deu um “rosto humano” ao neoliberalismo. Naquele momento, foi possível distribuir renda e melhorar a vida de muita gente, sem mexer nos interesses da tal burguesia nacional. Pelo contrário, eles nunca ganharam tanto.
O capitalismo mudou muito. O pacto com o Centrão acabou e Dilma foi golpeada aos pontapés.
O neoliberalismo avançou ferozmente, suprimiu direitos sociais e trabalhistas, precarizou as políticas sociais e elegeu um fascista despreparado.
O “mercado”, como diz a imprensa, continua agitado, sedento por sacrifícios humanos. Ele exige a sua parte, sem concessões. Que se apertem os cintos...
Os pobres não cabem no orçamento!
Como se não bastasse, veio a Pandemia. A sociedade brasileira encontra-se profundamente dividida e com um futuro incerto. A desigualdade social avançou e o desemprego ameaça a sobrevivência dos trabalhadores.
A fome retornou faminta, voltou a ser o nosso principal problema, o mais urgente.
Como sair dessa tempestade? No momento apresentam-se três alternativas:
1. Deixar a extrema direita com o atual projeto, que no final dará certo;
2. Optar por uma direita “civilizada”, num arranjo Dória/Ciro/ACM Neto;
3. Dar uma nova chance ao projeto Lula/PT.
Nenhum desses projetos visa romper com a Ordem Capitalista.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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