segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

O IMPEACHEMENT DE BOLSONARO


O Impeachment de Bolsonaro
(por Antonio Samarone)

O Dr. Carlos Ayres de Britto bateu o martelo: “Juridicamente, Bolsonaro está pronto para o impeachment.” Claro, o Dr. Ayres não fala por impulso, ele sabe a quem interessa essa bandeira.

Não sei analisar os argumentos jurídicos do Ministro, não é a minha seara.

Tenho algumas dúvidas políticas.

Antes, quero deixar claro: "Apoio qualquer coisa contra esse governo: passeata, guerrilha, panelaço, greve, jantar beneficente, sujeito gritando sozinho no banheiro, desabafo em analista, despacho na encruza, novena, frente ampla, mandinga do livro de capa de aço de São Cipriano, ciranda, bingo e bazar" – Luiz Antonio Simas (citado por Kotscho, em sua coluna)

Entretanto, sobre o impeachment, acho que o tiro pode sair pela culatra e ao invés de derrubá-lo, pode fortalecê-lo politicamente.

Vamos aos argumentos.

A bizarrice das ações de Bolsonaro está pondo a sua base esclarecida em apuros para defendê-lo racionalmente, com argumentos. As milícias e os fanáticos falam outra língua.

A conjuntura econômica em 2021 é sombria. Um ano terrível: desemprego, aumento das desigualdades e o desmonte do que resta dos serviços públicos. Para onde vai a necropolítica de Bolsonaro?

Não é um cenário propício à recuperação política do projeto de extrema direita, em andamento no Brasil. A economia não dar sinais de recuperação. O caminho deles está errado!

Entretanto, nada melhor para Bolsonaro unificar a sua base política, que uma ameaça de impeachment, um inimigo querendo derrubá-lo. As milícias entrarão de prontidão, para um enfrentamento em seu campo de ação.

Um inimigo, real ou imaginário, é o que precisa a extrema direita para unificar a sua base de apoio. Bolsonaro precisa politicamente do impasse, da ameaça e do conflito permanente.

Se não bastasse, mesmo na hipótese do sucesso do impeachment, transferiremos legalmente o Governo para General Mourão. Trocaremos seis por meia dúzia. E olhe lá!

Deixando claro, existem frações da direita que não querem mais Bolsonaro, mas desconheço os que não estão satisfeitos com o desmonte do Estado posto em prática por Guedes.

O ultra neoliberalismo econômico unifica a elite brasileira. Como diz Jessé Souza, temos uma elite do saque.

Um impedimento de Bolsonaro em nada mudaria a atual orientação econômica. Quem seria o Ministro da Economia do General Mourão?

Sei que você pode pensar: sim, e por isso vamos cruzar os braços, deixar que Bolsonaro desmonte as bases civilizatórias, construídas com tantos sacrifícios?

Também não!

Estou apenas pensando alto, para contribuir com esse debate. Eu não tenho uma receita pronta, desconheço uma saída segura, mas sinto a urgência de mudanças.

Temos uma classe dirigente rasteira, despreparada, voltada para os seus interesses.

Esse anseio das autoridades em faturar politicamente com o início da vacinação é um sinal evidente desse despreparo.

Vamos aprofundar essa discussão!

Antonio Samarone (médico sanitarista)


 

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