Pandemia e Saúde Mental
(por Antonio Samarone)
A revista cientifica “Psychiatry Research”, em sua edição de janeiro de 2021, acaba de publicar o que já se suspeitava: os índices de transtornos mentais dispararam durante a Pandemia de Cocid-19.
Trata-se de uma meta-análise que reuniu uma revisão de 2.189 artigos, 136 de texto completo, cinquenta e cinco estudos sobre o tema realizados no mundo, no período da Pandemia. Não se trata de achismos.
O confinamento, angústia financeira, distanciamento físico e social, medo do contágio, preocupação com a família e amigos e incertezas levaram ao aprofundamento dos transtornos mentais.
Os especialistas constataram que a prevalência de insônia foi de 24%, a de transtorno de estresse pós-traumático de 22%, a de depressão em 16% e a de ansiedade em 15%. Uma situação que exige cuidados redobrados dos Serviços de Saúde.
Os estudos confirmaram que os surtos de doenças infecciosas estão sempre associados a sintomas e distúrbios de saúde mental.
Não foram observadas diferenças significativas para sexo, regiões geográficas e profissionais de saúde (exceto para insônia, que foi mais prevalente entre os profissionais de saúde).
Por outro lado, quando mais se precisa da assistência à saúde mental, a OMS publicou um relatório em que observou que a crise do COVID-19 interrompeu ou paralisou serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países do mundo. Em Sergipe não foi diferente.
As consequências da Pandemia sobre a Saúde Mental terão desdobramentos trágicos em 2021. Ao perfil epidemiológico atual, bastante grave, serão acrescidos os novos transtornos mentais decorrentes da Pandemia.
O nosso SUS está preparado para essa realidade? A política de Saúde Mental do Ministério da Saúde caminha em direção contrária.
Uma verdade que não pode ser ocultada.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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